CAÍMOS SIM, MAS COM DIGNIDADE!

E a invencibilidade?

   Enfim o namoro virou casamento. E foi um namoro longo. Foram 5 anos flertando com a 2ª divisão (2006, 07, 08, 09 e 11). Vimos nosso rival cair 2 vezes de 2005 pra cá e mesmo assim não aprendemos com erros ocorridos no quintal da nossa casa. O Atlético é teimoso e teve que colocar o dedo na tomada para acreditar que tal ação resulta num choque.

   Todo Atleticano sabe que o rebaixamento não veio naquele impedimento mal marcado a favor do Cruzeiro em Sete Lagoas e muito menos durante aquela atuação apática contra o América de Minas em Uberlândia. O descenso foi “construído” durante todo o campeonato. As primeiras pedras foram colocadas quando nas 10 rodadas iniciais assinalamos apenas UM PONTO. Encaminhamos bem a obra durante todo o campeonato, com as costumeiras panes, onde deixamos jogos ganhos, virarem amargos empates ou derrotas. As 8 rodadas finais jogamos tal qual um aluno que não estudou durante todo o ano letivo e que quando vê a água bater no pescoço, tenta desesperadamente tirar o 9,5 que precisa na prova final.

   Em meu último texto cobrei mais atitude da instituição Atlético Paranaense, dos jogadores e também de parte da nossa torcida. O jogo valia nossa honra e apesar de dependermos de outros resultados, deveríamos fazer nossa parte. Acima de tudo tínhamos a missão de fazer a torcida Coxa engolir a arrogância e petulância que fomentaram no decorrer deste ano. Segundo a maioria dos torcedores, o jogo de domingo seria apenas a confirmação da ida à Libertadores, com direito a atropelamento dentro da nossa casa e muitos outros requintes de cruedade. O clima de oba oba e já ganhou, pairou no ar durante toda a semana. Cobrei empenho de todos, para que mostrássemos para Os Reis do Acesso, que mesmo virtualmente rebaixados, poderíamos tirar deles, o sorrisinho e a satisfação de nos espezinharem dentro da Arena.

O exemplo!

   O estádio estava praticamente lotado. A área dos visitantes, completamente tomada de Coxas confiantes no esmagamento. Em campo um Atlético guerreiro, correndo e se doando. No retorno do vestiário a torcida Coxa sabendo que já estávamos rebaixados com o resultado parcial (e entregue) do clássico mineiro, resolveu inflamar seus jogadores. Só que eles não contaram com a força da torcida rubro negra. O povão Atleticano cantou com voz embargada e com o coração. Empurramos até o fim esses que nos rebaixaram, como se tivessem disputando título. A cada cântico entoado dentro da Arena a pressão Atleticana aumentava, até que nosso gol enfim saiu.

Nunca serão, jamais serão!

   Um momento que jamais esquecerei. No chamado Atletiba do século, o Atlético jogava rebaixado desde os 20 minutos da primeira etapa, e aos 30 do segundo, cantávamos com toda força, com o orgulho inexplicável de sermos Atleticanos. Cantamos e levamos o clima fervendo até o fim. Ao final do jogo, o hino rubro negro sendo cantado por todos, e aplausos aos pouquíssimos atletas que fizeram por merecer tal homenagem durante o ano. Torcedores Coxas comemoravam timidamente enquanto saiam, mas no fundo tinham certeza de que haviam acabado de perder o único Atletiba dentro dos tais 3 anos de invencibilidade, que não poderiam ter perdido. Tudo virou poeira. O batalhão de choque da polícia entrou no gramado temendo algum tipo de vandalismo advindo da torcida atleticana, como o de 2009, mas o que viam enquanto carregavam seus escudos, era uma torcida que cantava o hino com lágrimas nos olhos, enquanto alguns torcedores faziam questão de apontar para os torcedores Coxas, mostrando que aqui não precisavam se preocupar, mas que o problema era do outro lado.

   Apesar do casamento com a segundona, já tão óbvio durante todo o ano, Atleticanos saiam pelas dependências da Arena entoando cânticos típicos da torcida. Cânticos de amor pelo furacão. Porque se esses jogadores nada fizeram de útil durante todo o ano, nesse ultimo jogo tiveram a prova que com um pouco de raça e respeito a essa camisa, coisas incríveis podem acontecer. Tenho certeza que muitos deles jamais esquecerão do dia em que foram rebaixados e não receberam uma ameaça sequer. Das arquibancadas só ouviram o quanto nossa torcida é apaixonada pelo Clube Atlético Paranaense.

   O rebaixamento foi mais do que justo, mas o Atlético provou hoje que até caindo é diferenciado. Provou também aos nossos co-irmãos que de nada vale uma grande invencibilidade se na hora do jogo mais importante, essa invencibilidade for quebrada. O Atlético mostrou hoje que existe sim, uma maneira de cair com dignidade. 

SAUDAÇÕES RUBRO NEGRAS!!!