Tenho certeza que você já falou a seguinte frase: Não posso, tem jogo do Furacão! Eu falo praticamente duas vezes por semana. Aprendi observando meu pai, sempre pensando e marcando compromissos de acordo com as tabelas de jogos do Atlético. E tenho certeza que ele aprendeu com meu saudoso vô, atleticano nascido também em 1924, e que fora um atleticano otimista até seus ultimos dias. Quis o destino que ele se fosse em meados de 2001 sem ver o Trétis campeão nacional, mas jamais me esquecerei do dia que, já na UTI, meu velho avô abriu os olhos, olhou para meu pai e perguntou: "Como foi? Ganhamos
hoje?"
Meu avô paterno que se casou com uma atleticana fanática, dos tempos em que senhoras ainda eram mal vistas quando frequentavam estádios, ainda mais quando arremessavam sombrinhas no campo de jogo em momentos de revolta. Essa história do arremesso de sombrinhas que inclusive escutei diretamente da boca da minha saudosa vó mais de uma dezena de vezes.
Só isso? Não. Por parte de mãe, meu vô Norival, carinhosamente apelidado de vô "Tijolo em função da força do seu chute quando jovem. E ele disparava seus chutes no time infantil/junior do Furacão de 49. Não chegou a atuar profissionalmente, mas contaminou minha vó com a paixão que tinha por acompanhar o Atlético no seu radinho de pilha. E de tanta paixão, minha vó continua contaminada até hoje. Mesmo sem entender muito de futebol, a octogenária senhorinha não tem duvidas em me perguntar toda vez que me vê: "Será que ganhamos amanhã?"